Cerca de 1,8 mil crianças ficam órfãs de ao menos um dos pais por ano no RS, aponta levantamento
02/12/2024
Ao todo, 7.338 crianças e adolescentes perderam ao menos um dos pais no RS entre 2021 e outubro de 2024. Dados fazem parte dos Cartórios de Registro Civil. Sombra de família
Mateus Bruxel/ Agencia RBS
Desde 2021, uma média de 1,8 mil crianças e adolescentes de até 17 anos ficam órfãos de um dos pais a cada ano no Rio Grande do Sul. Os dados são de um levantamento dos Cartórios de Registro Civil.
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Os dados consolidados pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) mostram que, ao longo dos últimos anos, a perda de um ou ambos os pais tem afetado milhares de crianças. No Brasil, o número é cerca de 43,9 mil órfãos por ano.
Ao todo, 7.338 crianças e adolescentes perderam ao menos um dos pais no RS entre 2021 e outubro de 2024. Os registros anuais neste período foram:
2021: 1.744
2022: 1.618
2023: 2.051
2024 (até outubro): 1.925
Em 2022, o número de órfãos caiu, mas voltou a subir em 2023. Até outubro de 2024, o número de 1.925 crianças e adolescentes indica, segundo a pesquisa, que este ano pode superar o recorde anterior.
O levantamento só se tornou possível recentemente por conta da inclusão do CPF dos pais nos registros de nascimento, obrigatória a partir de 2019. Antes disso, a ausência desse dado tornava imprecisa a mensuração do número de órfãos.
As principais causas das mortes em 2023 e 2024 são doenças como infarto, AVC, sepse e pneumonia, que podem estar relacionadas a sequelas da pandemia de Covid-19 (entenda abaixo).
Cerca de 44 mil crianças ficam órfãs de ao menos um dos pais no Brasil por ano desde 2021
Quando considerados os casos de orfandade de crianças que perderam ambos os pais, os números são menores:
2021: 42
2022: 20
2023: 33
2024 (até outubro): 36
Este é o caso dos irmãos Arthur Miguel, de 5 anos, e Anthony Gael, de 6, que perderam os pais na enchente que atingiu o Rio Grande do Sul em maio.
"As crianças sentem muita falta deles", relata a avó Claudia Lima, mãe de Paloma Melo da Silva, vítima da tragédia climática.
Paloma e Andrigo Oliveira de Ávila, ambos com 25 anos, morreram em um deslizamento de terra em Boa Vista do Sul, na Serra, enquanto voltavam do trabalho. Agora, as crianças vão crescer sob os cuidados dos avós.
Paloma e Andrigo tinham dois filhos, de cinco e seis anos
Arquivo pessoal
Reflexos da Covid-19
Em 2021, o auge da pandemia de Covid-19 foi responsável por ao menos um terço da orfandade registrada no estado, com 475 crianças e adolescentes de até 17 anos perdendo pelo menos um dos pais em razão da doença.
Desde 2019, ao menos 577 crianças no estado ficaram órfãs devido diretamente à Covid-19. No entanto, se forem incluídas mortes relacionadas à pandemia, como as causadas por insuficiência respiratória (392) e SRAG (28), o total de órfãos chega a 1.023.
A pandemia também pode ter influenciado o aumento de mortes por outras doenças, como infarto, AVC, sepse e pneumonia, intensificando o número de crianças e adolescentes órfãos.
No Brasil, pelo menos 13.808 crianças perderam um dos pais em decorrência do coronavírus desde 2019. Ao incluir doenças relacionadas, esse número pode subir para 23.612.
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