Polícia Civil conclui inquérito e indicia quatro PMs por morte de homem algemado em Bom Jesus
19/07/2025
(Foto: Reprodução) Policial militar atira e mata suspeito já imobilizado no RS
A Polícia Civil do RS indiciou quatro policiais da Brigada Militar pela morte de Geovane Matias Maciel, atingido por dois tiros enquanto estava algemado e com as mãos para trás em 4 de março, em Bom Jesus, na Serra do RS. Entre os indiciados está o soldado Emerson Brião, autor dos disparos, que está preso preventivamente.
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Foram indiciados:
Soldado Emerson Brião: homicídio qualificado (mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, que estava algemada) e fraude processual (Lei de Abuso de Autoridade). Ele está preso preventivamente em unidade militar na Capital;
Sargento André Remonti e soldados Jeremias Pezzi Paim e Bruno Moojen Souza Ramos: fraude processual e prevaricação.
À RBS TV, a defesa de Emerson Brião afirma que ele terá a chance de se defender caso o processo avance. Já o advogado de André, Jeremias e Bruno afirma que não há provas que justifiquem o indiciamento dos três.
Em depoimento à Polícia Civil, o soldado Brião afirmou que atirou contra Geovane para se defender de um ataque com faca. O depoimento foi obtido pela repórter Adriana Irion, de GZH. No entanto, um vídeo enviado anonimamente ao Ministério Público mostrou que a vítima estava rendida e algemada no momento em que foi baleada.
O vídeo levou à abertura de um novo inquérito, conduzido pela Delegacia de Polícia de Vacaria. A investigação incluiu laudos de necropsia e balística, oitivas de testemunhas e dos próprios policiais, além de perícia no vídeo. A análise confirmou que os projéteis que atingiram Maciel partiram da arma usada por Brião.
"Cumprimos nosso dever legal de apurar crimes dolosos contra a vida praticados por policiais militares, com diligências que permitiram esclarecer os fatos", afirmou a Polícia Civil em nota.
A investigação concluiu que a versão inicial era inverídica e que os policiais alteraram a cena do crime, fornecendo informações incorretas sobre o local da abordagem.
Todos os policiais relataram que Maciel teria reagido com uma faca e ameaçado não se entregar. O motorista de aplicativo que transportava a vítima também foi ouvido e confirmou que Maciel teria dito que "não se entregaria nem que tivesse que matar ou morrer".
"Geovane, inicialmente, ergueu as mãos e saiu do veículo. No entanto, quando o soldado Brião se aproximou para realizar a revista pessoal, Geovane sacou repentinamente um objeto da cintura e desferiu um golpe com a faca, atingindo o abdômen do soldado Brião", disse o soldado Jeremias Paim em depoimento.
A defesa dos policiais afirmou que "o vídeo não mostra todo o desdobrar nem o anterior fato, por isso que existem circunstâncias que são complexas e não se provam apenas com um recorte".
Maciel tinha contra si um mandado de prisão preventiva por violência doméstica. Ele era suspeito de incendiar a casa da ex-companheira dois dias antes de ser morto. Também era investigado por furtos e, quando adolescente, por atos infracionais, incluindo um latrocínio.
A Corregedoria da Brigada Militar também apura o caso. O Inquérito Policial Militar segue em andamento.
Policial militar atira e mata suspeito já imobilizado no RS
Reprodução/ RBS TV
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